Eu e todos

Natali Carvalho
2 min readMar 11, 2020

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Foto de 良根

Sempre quis experimentar a liberdade. Mas hoje, consigo compreender que na verdade eu sempre quis estar livre de mim. Cada dia eu me odeio mais, e quero cessar essa angústia que me consome.

Eu me esforço para estar com quem eu amo. Não só fisicamente, mas realmente estar ali, completa. Mas quando percebo, meus pensamentos estão em um outro lugar… um mais solitário, tortuoso. Numa cena que se repete com o abandono do que sou, no abandono de mim.

Eu me sinto egoísta, eu tenho bons amigos. Tenho uma mãe incrível. Tenho uma pessoa que me ama e que eu amo. Tenho um emprego. Tenho uma vaga na Universidade Pública. Mas também tenho essa doença que me consome ao ponto de eu querer me isolar completamente de todos… dos bons amigos, da mãe incrível, da pessoa que eu amo, do emprego, da universidade…

Minhas tintas, pincéis e livros estão guardados no fundo do armário de cimento, embaixo da cama. As cinzas e bitucas de cigarro no cinzeiro. Algumas anotações eu deixei espalhadas nesse blog e em papéis perdidos de antigos diários. Estou me desfazendo dos traços do que eu era.

Cada dia é mais difícil que o outro. E torço todos os dias para que sejam os últimos.

Essa não é um carta de despedida, nem nada disso. Mas se caso for a última coisa que eu escreva aqui nesse blog ou sobre mim, quero que as pessoas que eu amo saibam que eu me esforcei bastante, mas tem vezes que eu simplesmente não consigo existir.

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